sexta-feira, 23 de maio de 2008

Verdade



Serão estas as horas perdidas,

Quando não existe causa alguma,

E apenas se saboreia em silêncio

A chuva que se vê do outro lado da janela?

Não se poderá ver algo

Se o nosso olhar estiver cego

Pelo desprezo da condição humana.

(Olhar destroçado, lutando por uma causa perdida...

Olhar destruído, morrendo pela causa errada...)

Não vale a pena despertar os fantasmas perdidos

Daquele passado árido e agreste.

Quererei eu acordar com eles

E voltar mais uma (e talvez) última vez

Do caminho que evitei?

Quererei eu morrer abraçada

A todas as almas que um dia possuí?

Calar-me-ei com todas as minhas

Palavras gritantes

Que apenas mostram vazio.

Calar-me-ei de vez,

Pois os mortos não renascem

E a única e verdadeira alma que tenho

É a minha, e esta não a partilharei!

Não sou alimento para cães sedentos

Pelo sofrimento dos demais!

Se querem aberrações, olhem-se ao espelho.

Todos nós guardamos segredos obscuros

Que não revelamos sequer à nossa sombra.

Talvez se calassemos os lamentos

Poderiamos apreciar quão bonita está a noite.

A chuva parou, e as estrelas

Brilham bem alto no céu negro...


As palavras são apenas veneno que mata

Até a alma mais perspicaz e cegam o ser mais puro.

sábado, 10 de maio de 2008

Tédio.



Tédio

No quarto
Na sala
No canto
Sentado
Sozinho
(Perdido!)
Agachado
De olhos fechados
Buscando
Palavras
As vozes
Um riso.

O pranto
Escorre
Salgado
Molhando os lábios
De olhos vermelhos
Espinhos fincados
Coração machucado
Dentro do peito.

[Paulo Ricardo]

quinta-feira, 20 de março de 2008

Compreendes o que falo?

Pedra comum,
Pontapeada por todos...
Esquecida no tempo,
E amada pela Natureza...
Da terra um dia farás parte.
Serás planta, ou animal ou pessoa.
Serás vida entre a morte,
Serás riqueza entre a pobreza...
(isto se a riqueza não sujar
o coração daquele que a possuiu).
Serás dom e virtude,
Serás coragem e força,
Humildade e sabedoria,
(não conhecimento)
Serás sonho... serás realidade...
Serás paz e a felicidade.
Não serás inveja,
Ou ganância,
Ou cegueira.
Verás o mundo como ele o é,
Afastando a gula de tudo ter.
Serás simples, pacata...
Viverás sempre sem medo,
E aprenderás a sabedoria da vida
Que poucos conseguem realmente encontrar.
E terás o verdadeiro sossego de alma...


Loucura?

quinta-feira, 13 de março de 2008

Grit..


Grito de agonia e desespero
Que "v i a j a" feito fle-cha pelo ar:
...Faz ouvir quem está perto
Faz sentir quem longe está;
.
["Grit.." - Paulo Ricardo]


quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A morte necessária da razão



Era uma tarde de luz azul vibrante
As estrelas tentavam me espiar
As mãos no rosto não deixavam que me reconhecessem
Era tarde da noite
O desejo súbito e mais verdadeiro é de que não houvesse estrelas
O desejo é de que não houvesse nada...
As mãos não me escondem do mundo
E sim o mundo de mim
Era quase uma opaca escuridão
O calor era do abraço solitário
Era do agasalho que não me abandonou
Do coração que em mim acreditou
Dos meus sapatos que me viram mau
E mesmo assim não me deixaram só
O meu sangue...
Do meu sangue que tentei ver
E que por timidez e gratidão
Não quis aparecer
De costas a uma rocha amiga
Fico sem saber o que fazer
A gota salina que escorre por dor
Faz seu caminho acariciando o rosto
Como por amor
Como se quisesse confortar
Como se não quisesse abandonar
Como se quisesse...
As mãos frente aos olhos
Fecham devagar
Acomodando em dobras
Todas as marcas das palmas
A língua umidece os lábios
Ressecados pelo vento frio
O coração avisa que há vida
O ouvido apita
A boca grita
O eco distante faz companhia
O sorriso é ríspido
Se as mãos quente estavam
Agora aos poucos
Frias ficavam
É somente um pesadelo
Ou da vida sofrida
Do coração machucado
Do amor duvidado
Um desejo,

..

["A morte necessária da razão"]
[Paulo Ricardo]

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A essência





Passamos a vida a correr atrás de coisas sem importância que nos esquecemos de apreciar a verdadeira essência desta.


Passo apressado...
Desatento...
Olhar cabisbaixo...
Pensamento distante.
Lembra o passado...
Esquece o presente...
Teme o futuro...
Não sabe ver...
Não sabe ouvir...
Não sabe tocar...
Vive na solidão,
Fechado num casulo
Que o impede de sentir
O mundo ao seu redor
(com todo o seu esplendor...)
E simplesmente é guiado
Pela rotina cega que toma,
E nunca irá aperceber-se
Da beleza da vida.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Abstinência...



À viver,

..